"Veja um pouco do que há em mim, deixe um pouco do há em ti"

Eu tornei a voltar-me e determinei em meu coração saber, inquirir, e buscar a sabedoria e a razão, e conhecer a loucura da impiedade e a doidice dos desvarios. (Ec 7.25)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Boba moça

Por Roberta Nunes
Eis que a bela moça, de pulso firme e olhar doce, mais uma vez foi surpreendida sorrateiramente pela falta de caráter humano. Mas a vida é assim mesmo... Cheia de ciladas efêmeras, alegres e tristes. E neste momento a moça encontra-se sem crença... De gente, valores e princípios (acredita somente em DEUS). Será que esse fato se deu porque ela se permitiu viver, ou porque viver não pertence à sua vida? Eis que vários questionamentos, dúvidas e certezas surgem. Mais a única certeza que ela leva no peito, é que seu tenro coração foi devorado pela a vida e por suas armadilhas covardes e dissimuladas. Ah, mas em meio às nuvens escuras e pesadas (de uma água pura, que irá limpar de forma sutil sua alma) está o tempo, fiel companheiro da moça, que traz a ela a certeza de que a dor vai passar, basta acreditar... E acreditar.

Rico vocabulário

Hoje resolvi seguir à risca os conselhos do meu ilustríssimo professor de português, o Sérgio. Ele nos disse (a mim e à turma) que devíamos estudar o dicionário para tornar nosso vocabulário mais rico. Certo, pensei logo depois do almoço, vou começar agora. Abri o livrão e, o que vejo? Lá estava ela, torcendo para que eu a absorvesse: haliêutica. Não é uma palavra chique? Pois é, tão chique que resolvi logo usá-la, pra demonstrar minha vasta cultura.
Minha tia me perguntou:
_Que tal o peixe, gostou?
_Muito pequeno, com um pouquinho de haliêutica eu pegava um melhor.
Minha tia, que esperava um elogiu à comida, quase me devorou com os olhos.
_Que?!
_Se eu soubesse pescar eu pegaria um peixe melhor, respondi fingindo uma cara de intelectual.
Acho que ela saiu pensando que fiquei maluco. Pudera, vá dizer a um pescador que ele pesca com haliêutica, no mínimo ele vai achar que está com uma doênça grave. Mas tudo bem, só pra esclarecer, haliêutica é "a arte da pescaria".
Outra palavra me jogou em mais uma aventura no mundo dicionarídico: profligar. Meu irmão, estudante de Ciências Sociais, chegou em casa e me flagrou metido no dicionário. A princípio pensou pensou que eu procurava alguma palavra, e esperou que concluisse a pesquisa. Como eu demorava (passando página por página), ele, impaciente, me perguntou que raio de pesquisa era aquela.
_Estou estudando, para profligar suas idéias neuróticas, respondi de maneira natural.
_Pró... o que?!
_Profligar, destruir com argumentos, expliquei aparentando inteligencia.
_Definitivamente, meu caro - disse-me ele - estudar não lhe faz bem.
Nossa, fiquei até deprimido. Era uma palavra tão bacana, tão elegante!
Mas tudo bem, depois de ser colocado sob a suspeita de ser maluco, o melhor mesmo é dar um tempo. Abandonei minha pesquisa vocabularesca. O Sérgio que me desculpe.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Abre-te Sésamo!

Que maravilha, que beleza! Hoje amanheceu nublado, prenunciando mais um dia de chuva e preguiça, e mais um dia de alegria e contentamento para mim. Não se engane ao meu respeito, você que por acaso me lê, pois não sou tão esquisito a ponto de sentir prazer só porque o dia amanheceu triste. Minha felicidade tem motivos sublimes. É que hoje eu descobri a caverna de Ali Babá. Verdade! Se não quiser acreditar não acredite, mas é a mais pura verdade.
Estava juntando algumas peças desse quebra-cabeça (na verdade eu estava lendo alguns jornais antigos) quando a lâmpada se acendeu na minha cabeça: é lá, tenho certeza! Fiquei extremamente emocionado com a descoberta de que o livro preferido da minha infância contava uma história verídica. É claro que o escritor errou algumas coisinhas, mas, tudo bem, nos livros é assim mesmo, não é? Se não fosse assim não teria graça...
A gruta é realmente cheia de ouro, mas não é pequena não. Ela compreende uma dimensão tão grande que nós, pessoas normais, não percebemos seu verdadeiro tamanho. Lá não tem tapetes da Pérsia nem especiarias orientais, mas tem uma grande riqueza de gravatas francesas, ternos ingleses e sapatos italianos. É impressionante seu chão de mármore e o número crescente de pessoas que descobriram seu segredo de ingresso. Aliás, aí o escritor errou de novo, porque não são apenas quarenta ladrões que sabem do segredo, mas centenas, milhares deles já trafegam por esse reduto de dinheiro.
Outra coisa interessante e até estranha que eu descobri foi a localização da maravilhosa caverna. Fica bem próxima dos nossos narizes e eu não sabia. Para entrar nela, as famosas palavras mágicas "abre-te sésamo" já perderam a validade. Até mesmo a arquitetura está bem moderna: longe de parecer com uma gruta pré-histórica, ela aparece a céu aberto, e no seu chão brotaram lindos e altíssimos edifícios.
Para chegar lá é um pulo. Ou melhor, um vôo. Aliás, olhando de cima ela se parece mesmo com um avião. Para entrar pra tão famosa quadrilha de ladrões, basta fazer uma boa campanha e pronto, são quatro anos de glória.
Tenho ou não motivos para estar alegre? Uma descoberta dessas no mínimo vai me garantir algum prêmio Nobel. Ou não?