"Veja um pouco do que há em mim, deixe um pouco do há em ti"

Eu tornei a voltar-me e determinei em meu coração saber, inquirir, e buscar a sabedoria e a razão, e conhecer a loucura da impiedade e a doidice dos desvarios. (Ec 7.25)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Não chega nem a ser conversa de calçada

Bujari, outubro de 2009. A situação está complicada por aqui: é política se metendo em educação, é população prejudicada por brigas partidárias, são funcionários públicos descontentes... O medo ronda as pessoas, impedindo-as de manifestarem uma simples opinião sobre a política local, as autoridades civis parecem não se importar com a opinião pública nem com o bem-estar dos funcionários. Estes trabalham sobre constante pressão, preocupados em descobrir qual será o próximo local de trabalho.
Sabendo desses problemas por moradores do município, resolvi tentar desvendar as desordens. Desloquei-me até Bujari, localizado às margens da BR 364, a 28 quilômetros da capital Rio Branco, para levar um papo com o pessoal.
A insegurança se faz presente no dia a dia dos funcionários. Quando perguntados sobre a situação política do município, se calam, dizendo nada saber, ou falam, com a condição de não terem seus nomes revelados. Segundo uma moradora, esse fato, por si só, revela o quanto a política é influente na cidade. “As pessoas não falam, pois tem medo de serem perseguidas, não falam por que não querem sofrer represálias no emprego. Os políticos aqui mandam e desmandam, e contrarie eles, para ver”, desabafou.
Outra funcionária, que também não quis ser identificada, afirmou que a prefeitura contratou funcionários em excesso (talvez para cumprir promessas eleitorais), distribuindo essas pessoas irregularmente pelos órgãos municipais. Com uma denuncia feita por vereadores do município ao Ministério Público, segundo a qual muitos funcionários estavam trabalhando fora da área de atuação, a prefeitura teve que redefinir seus quadros, trocando muitos trabalhadores de lugar. Isso gerou grande desconforto entre os funcionários.
As escolas do município são as instituições que mais estão sendo lesadas pela situação política. Em uma das escolas de ensino, funcionários contaram que foram tiradas de lá várias pessoas que trabalhavam na limpeza, ficando somente duas profissionais para limparem todas as salas do colégio. O resultado é fácil imaginar: lixo espalhado pelo chão e teias de aranha caindo do teto! Alunos de uma das escolas rurais reclamam da falta de material escolar, inclusive de higiene pessoal. Uma funcionária revelou que muitas vezes o próprio diretor compra produtos de higiene para os alunos.
Tentei falar com o prefeito da cidade e vereadores, mas estavam muito ocupados para “jogar conversa fora”.