"Veja um pouco do que há em mim, deixe um pouco do há em ti"

Eu tornei a voltar-me e determinei em meu coração saber, inquirir, e buscar a sabedoria e a razão, e conhecer a loucura da impiedade e a doidice dos desvarios. (Ec 7.25)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Menino Homem

Enquanto toda a cidade dorme, o menino sonha acordado. Não com mansões, dinheiro e prestígio, como a maioria dos homens. O sonho do menino é bem mais simples. A noite, bela e assustadora, o leva acima da ganância e do materialismo humano, tirando seus olhos das luzes da cidade para lhe mostrar um outro lugar, onde imperam os sentimentos e emoções que ele nunca pode partilhar. O menino sonha com afeto.
Talvez ele já saiba que dinheiro não compra amor e que na vida tudo é efêmero. As pessoas que encontra no dia a dia estão quase sempre muito ocupadas para lhe dar atenção, todas correndo atráz de algo que parece nunca chegar, todas se transformando em máquinas destituídas de sentimentos. Ele sabe que a maioria das poucas mãos que lhe ajudam não o fazem por bondade, mas por que lhes sobram. Sabe também que muitos poderiam dar-lhe uma vida digna, mas a sede insaciável de ouro lhes fecharam os corações para o amor. O menino já sabe de tudo isso e apenas sonha.
Sonha com o amor que nunca lhe foi dado, sonha com um carinho materno, com um abraço amigo, ou mesmo com um simples afago nos cabelos. O menino sonha com um lar, por que casa ele já tem, e muito grande: a rua, a cidade que, o ignora. Sendo por todos rejeitado, deslocado do seu grupo, ele não sabe o porquê de tantas diferenças num mesmo mundo. Um mundo que parece não ser o seu, pois não muito longe dali, no aconchego de uma cama macia e nos braços de alguem que ama, estão pessoas que já nasceram "donas do mundo".
Agora o menino precisa virar homem. O difícil é ser homem de bem, quando lhes foram tiradas as oportunidades. Mas duas opções são postas diante de si, cuja escolha, se correta, falo-á grande. Ele pode decidir nunca desistir dos seus sonhos e lutar por um lugar que sempre foi seu por direito, ou pode ainda entrar para o mundo negro daqueles que fazem justiça com as próprias mãos. É a encruzilhada do menino/homem, que não é "apenas um", mas milhões que sonham pelas ruas das cidades.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Complexidade

Dedico este texto a uma pessoa maravilhosa que entrou na minha vida: Paloma Cartaxo!
Eu sei que tudo é relativo, não existe o absoluto! Para mim há uma verdade Que para você pode ser mentira... Confio e acredito no mistério, no obscuro, Enquanto você prefere o real, o palpável. Eis as nossas contradições, nossas diferenças: Somos dois pontos extremos e opostos Que se aproximam e se confundem À medida que nos deixamos conhecer. Tão semelhantes nas nossas diferenças... Eu preciso de sua base sólida, você do meu lado místico E assim nos completamos: Na simplicidade nos tornamos complexos E formamos um novo ser. Um alguém que, sendo mistério, é real ao extremo; Sendo obscuro, não deixa de ser palpável! Somos dois e somos um... Sombras que se cruzam na claridade do dia.