"Veja um pouco do que há em mim, deixe um pouco do há em ti"

Eu tornei a voltar-me e determinei em meu coração saber, inquirir, e buscar a sabedoria e a razão, e conhecer a loucura da impiedade e a doidice dos desvarios. (Ec 7.25)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Nas Fronteiras do Coração

Eu queria transpor barreiras, chegar além do meu vago território pessoal. Escalar montanhas e cruzar vales, navegar em mares tempestuosos. Eu queria caminhar no deserto sentindo o sol abrasador a queimar minhas desilusões, ultrapassar a linha divisória do bom senso e chegar à dimensão onde as pessoas normais costumam trilhar.

Eu só queria ser livre, correr ao vento com os cabelos em desalinho, aprender o canto dos felizes... Queria sair do casulo sufocante que mantém minha consciência emaranhada em mil e uma divagações, entre paredes intransponíveis de ideologias alheias.

Mas eu descobri que sou limitado pelas minhas contradições. Sentimentos obscuros procuram enegrecer meu caminho, enquanto na minha alma uma luz parece “gritar” que não posso desistir.

Existe um muro, que minhas mãos ajudaram a construir, no meio da estrada. Os tijolos me foram lançados como pedras, por pessoas que não acreditaram na minha escalada. Um sentimento não identificado me faz amar, sem saber a que, me faz odiar, sem saber por que. E descubro que sou apenas um homem limitado que, aprisionado pelas convenções sociais, também fui cativo do coração.